domingo, 20 de setembro de 2009

APOPTOSE


Por definição, Apoptose ou Morte Celular Programada é um tipo de "autodestruição celular" que requer energia e síntese protéica para a sua execução. Está relacionado com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos, exercendo um papel oposto ao da mitose. O termo é derivado do grego "apoptwsiz", que referia-se à queda das folhas das árvores no outono - um exemplo de morte programada fisiológica e apropriada que também implica em renovação.
Fisiologicamente, esse suicídio celular ocorre no desenvolvimento embrionário, na organogênese, na renovação de células epiteliais e hematopoiéticas, na involução cíclica dos órgãos reprodutivos da mulher, na atrofia induzida pela remoção de fatores de crescimento ou hormônios, na involução de alguns órgãos e ainda na regressão de tumores. Portanto consiste em um tipo de morte programada, desejável e necessária que participa na formação dos órgãos e que persiste em alguns sistemas adultos como a pele e o sistema imunológico.

Apoptose: Sequencia de eventos
Seqüência de eventos na apoptose. Através de um mecanismo ainda desconhecido, o estímulo apoptótico ativa a expressão de "genes letais" que induzirão a síntese e ativação de uma endonuclease Ca+2 e Mg+2 dependente e de uma transglutaminase. A endonuclease causará a fragmentação internucleossômica do DNA, levando ao clássico "padrão em escada" na eletroforese em gel de agarose. A transglutaminase aumenta as ligações cruzadas das proteínas celulares, aumentando a estabilidade da membrana plasmática, limitando assim o vazamento de constituintes citoplasmáticos durante a fragmentação celular em corpos apoptóticos.
Ocorrência de apoptose fisiológica
-Apoptose Fisiológica
-Membranas interdigitais
-Desenvolvimento da mucosa intestinal
-Fusão do palato
-Involução normal de tecidos hormônio-dependentes
-Atresia folicular ovariana
-Leucócitos
-Maturação linfóide e prevenção de autoimunidade
-Citotoxidade
A apoptose é um processo rápido, que se completa em aproximadamente 3 horas e não é sincronizado por todo o órgão, portanto diferentes estágios de apoptose coexistem em diversas secções dos tecidos. Devido à taxa rápida de destruição celular é necessário que apenas 2 a 3% das células estejam em apoptose em determinado momento para que se obtenha uma regressão substancial de tecido, atingindo mesmo a proporção de 25% por dia.
Diferenças básicas entre apoptose e necrose

Características
APOPTOSE Morte Celular Programada
NECROSE Morte Celular Acidental
Estímulo
Fisiológico (Ativação de um relógio bioquímico, geneticamente regulado) ou patológico.
Patológico (Agressão ou ambiente hostil).
Ocorrência
Acomete células individuais, de maneira assincrônica. Eliminação seletiva de células.
Acomete um grupo de células. Fenômeno degenerativo, conseqüência de lesão celular severa e irreversível.
Reversibilidade
Irreversível, depois da ativação da endonuclease.
Irreversível, após o "ponto de não retorno"- Deposição de material floculento e amorfo na matriz mitocondrial.
Ativação da Endonuclease
Sim, aparentemente Ca+2 e Mg+2 dependente, peso molecular varia entre 12 e 32 Kilodaltons.
Não.
Morfologia:
Célula
Enrugamento, projeções digitiformes da membrana celular e formação de corpos apoptóticos.
Tumefação celular, perda da integridade da membrana e posterior desintegração.
Adesões entre células e Membrana Basal
Perda (precoce).
Perda (tardia).
Organelas citoplasmáticas
Tumefação tardia.
Tumefação precoce.
Liberação de enzimas lisossômicas
Ausente.
Presente.
Núcleo
Convolução e fragmentação da membrana nuclear (cariorrexe).
Desaparecimento (picnose, cariorrexe e cariólise).
Cromatina Nuclear
Compactação em massas densas uniformes, alinhadas no lado interno da membrana nuclear (Crescentes).
Formação de grumos grosseiros e de limites imprecisos.
Fagocitose pelas células da vizinhança
Presente, antes mesmo da lise celular ("Canibalismo celular").
Ausente - Macrofagocitose pode ocorrer, após a lise celular.
Inflamação Exsudativa
Ausente. Não há liberação de componentes celulares para o espaço extracelular.
Presente, induzida pela liberação de componentes celulares para o espaço extracelular.
Formação de cicatrizes
Ausente.
Pode ocorrer, se a área de necrose for ampla.
Fragmentação do DNA
Internucleossômica, detectável em 1 ou 2 horas (máxima em 24 horas). Processo de "tudo ou nada ", de curta duração.
Aleatória.
Padrão na Eletroforese do DNA em gel Agarose
Em fragmentos com 180-200 pares de base ou múltiplo integrais, produzindo o típico "Padrão em escada ".
" Padrão em esfregaço".

Microscopicamente ocorre fragmentação nuclear e celular em vesículas apoptóticas. Diferente da necrose, não existe liberação do conteúdo celular para o interstício e portanto não se observa inflamação ao redor da célula morta. Outro fato importante é a fragmentação internucleossômica do DNA, sem nenhuma especificidade de seqüência, porém mais intensamente na cromatina em configuração aberta; conseqüência da atividade de uma endonuclease.
Essa fragmentação característica do genoma pode ser identificada in situ pela técnica de TUNEL (Terminal deoxinucleotidil transferase Uracil Nick End Labeling). Pode ser também facilmente visualizada laboratorialmente pela eletroforese do DNA em gel de agarose, produzindo o clássico "padrão em escada", com a formação de bandas contendo múltiplos de 180-200 pb.
Apoptose induzida por agentes patogênicos

Categoria
Agente etiológico
Doenças imunossupressoras
HIV/SIDA Imunodeficiência dos Símios Leucemia Felina a vírus Imunodeficiência Felina a vírus Doença Infecciosa da Bolsa de Fabricio Doença de Newcastle
Toxinas
Gliotoxina Ricina Bleomicina Menadione Cycloheximide Toxina Diftérica Dioxina Ionoforos do Cálcio
Alterações circulatórias
Isquemia
Alterações da temperatura
Hipertermia



A necrose difere da apoptose por representar um fenômeno degenerativo irreversível, causado por um agressão intensa. Trata-se pois da degradação progressiva das estruturas celulares sempre que existam agressões ambientais severas
É interessante salientar que o mesmo agente etiológico pode provocar tanto necrose quanto apoptose; sendo que a severidade da agressão parece ser o fator determinante do tipo de morte celular. Vários agentes etiológicos já foram confirmados como indutores de apoptose, entre eles diversas viroses, isquemia, hipertermia e várias toxinas
Evidências recentes suportam o conceito de que o crescimento tumoral "in vivo" depende da evasão dos mecanismos homeostáticos de controle que operam via indução de morte celular por apoptose. A indução de apoptose seja através de mecanismos imunológicos, seja por outros mecanismos homeostáticos específicos, parece ser extremamente importante no processo de eliminação de células sofrendo transformação maligna. Danos não reparáveis no DNA (por mutações ou infecções virais) aparentemente iniciam o processo de apoptose. É importante salientar que muitos dos genes que condicionam a proliferação celular (chamados oncogenes e genes supressores de tumores) estão também envolvidos na iniciação do processo de apoptose e que a inibição por si só do processo fisiológico da apoptose leva à sobrevivência prolongada das células, favorecendo o acúmulo de mutações e a transformação maligna. Assim, a apoptose representa um mecanismo de eliminação seletiva de células cuja sobrevivência poderia prejudicar o bem estar do organismo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Bronquite

É uma inflamação nos brônquios que provoca maior secreção do muco. Há dois tipos de bronquite: aguda e crônica. No primeiro caso, geralmente é benigna e não apresenta maiores complicações, tendo várias causas possíveis, desde vírus, como o do resfriado, até por inalação de gases irritantes, como sulfetos e dióxido de nitrogênio. Na bronquite crônica ( e asmática), são mais comuns as infecções bacterianas, instalando-se em processos brônquicos já estabelecidos ou iniciados por vírus, em organismos debilitados. As bronquites crônicas representam perigo, pois vêm acompanhadas de alterações respiratórias que podem comprometer a recuperação do doente.
A incidência da bronquite predomina no inverno em más condições higiênicas; também as aglomerações facilitam a afecção.

Sintomas

A bronquite caracteriza-se por tosse, expectoração e dor no meio do peito e garganta; isto pelo comprometimento da traquéia e laringe. Aparecem, também, quadros infecciosos: mal-estar, febre, falta de apetite, dores de cabeça. Em muitos casos, a tosse vem acompanhada de respiração ruidosa. Os sintomas duram geralmente alguns dias e, nos casos simples, a doença evolui progressivamente para a cura total.
Em certos casos, poderão ocorrer complicações, como a extensão da afecção aos bronquíolos, pneumunia e colapso pulmonar (obstrução dos brônquios).

Prevenção e Tratamentos

A principal forma de prevenção é manter as boas condições de resistência orgânica. O tratamento consiste em alimentação rica, repouso, umidificação do ar, uso de analgésicos, antitérmicos, sedativos da tosse e expectorantes, antiinflamatórios e, em alguns casos, antibióticos. A bronquite, em geral não é fatal; mesmo em casos acompanhados de complicações, elas podem ser superadas, desde que o paciente apresente boas condições de resistência orgânica

Doença de Huntington

A doença de Huntington é um distúrbio hereditário e degenerativo, provocado por uma alteração genética e caracterizado por problemas motores e mentais. A principal característica é a coréia, movimentos involuntários que se manifestam por contrações musculares irregulares, espontâneas e transitórias. O sintoma está presente em mais de 90% dos portadores da enfermidade, que também apresentam emagrecimento intenso, mesmo que mantenham dieta adequada, e envelhecimento precoce.

Sinais clínicos

Na maioria dos casos, a coréia é a primeira manifestação da enfermidade e pode persistir até os estágios mais avançados. Cerca de 50% dos portadores desenvolvem rigidez muscular (hipertonia) em algum momento, embora a força da contração muscular seja normal. Com a evolução do quadro, os movimentos voluntários do paciente tornam-se mais lentos, e a intensidade dos involuntários aumenta, afetando cabeça, tronco e membros. É comum a dificuldade para articular palavras (disartria) e engolir alimentos (disfagia). Há também risco de asfixia.
O raciocínio e o comportamento também são afetados. A maior parte dos pacientes sofre perdas cognitivas, mas há uma relativa preservação da memória até as fases mais adiantadas. A capacidade de concentração e a memória de curto prazo diminuem com a evolução da doença. Sintomas psiquiátricos, como mudança de personalidade, irritabilidade, apatia, instabilidade emocional e agressividade, são freqüentes e podem preceder em anos as disfunções motoras. Transtornos do humor, principalmente depressão, afetam até 60% dos portadores. As psicoses, quando ocorrem, afetam especialmente os indivíduos jovens. O risco de suicídio deve sempre ser considerado, uma vez que a incidência é de quatro a seis vezes maior nas famílias afetadas pela doença.
Crises convulsivas são raras nos adultos, mas podem ocorrer principalmente quando a enfermidade é precoce. Nesses casos, é preciso atenção, pois o mal epiléptico pode ser fatal.
O tempo médio de sobrevida do paciente varia de 14 a 17 anos. As causas de morte geralmente estão relacionadas às complicações da doença, como por exemplo, infecções, asfixia e traumatismos crânio-encefálicos.

Origem

A doença foi descrita por George Huntington, em 1872. Em 1983, pesquisadores localizaram o gene que causa os sintomas numa região do cromossomo quatro. Dez anos depois, descobriu-se que no local havia uma repetição anormal de uma seqüência de substâncias chamadas nucleotídeos, que são como blocos construtores do DNA. A seqüência é formada pelos nucleotídeos citosina, adenosina e guanina (CAG) e codifica uma substância denominada glutamina.
Nos indivíduos sãos, o número de repetições da seqüência CAG é geralmente menor que 20; nos portadores da doença de Huntington, há sempre mais de 36 repetições, justamente na posição onde se encontra o gene defeituoso. A proteína codificada por esse gene, que ainda não tem função definida, foi denominada huntingtina. Pela análise do DNA de uma pessoa, verifica-se o número de repetições do CAG, o que indica se a pessoa é portadora ou não do defeito genéticoque causa a doença.
Por isso, o diagnóstico mais apurado é feito hoje por meio de testes genéticos. Em casos com suspeita deste diagnóstico, deve-se investigar a possibilidade de enfermidades com sintomas semelhantes, como a coréia hereditária benigna e discinesias tardias (movimentos involuntários causados por medicamentos). Exames complementares, como eletroencefalograma (EEG) ou exames de imagens, não indicam a presença da doença, mas ajudam a descartar outras patologias e acompanhar a evolução da moléstia.

Prevalência

Estima-se que a doença de Huntington afete de 30 a 70 pessoas em cada grupo de um milhão. Nos EUA, é tão freqüente quanto a hemofilia e a distrofia muscular. A moléstia atinge ambos os sexos e, embora tenha sido detectada em indivíduos de várias origens, parece ser mais freqüente em brancos.
O distúrbio geralmente se manifesta dos 40 aos 50 anos, mas pode surgir em qualquer idade. A forma juvenil é começa antes dos 20 anos, e a de início tardio, depois dos 50 anos. Filhos de indivíduos com doença de Huntington têm 50% de chance herdar o gene que provoca a enfermidade. Uma vez herdada a alteração genética, a enfermidade irá se manifestar inevitavelmente em alguma etapa da vida. Por outro lado, aqueles que não herdaram o gene não irão desenvolver a doença, tampouco seus descendentes.

Tratamento

Ainda não há cura para a moléstia, mas existem terapias para atenuar seus sintomas. Os movimentos involuntários e os distúrbios psiquiátricos são tratados com neurolépticos tradicionais e atípicos.
Antidepressivos são úteis nos estados depressivos, e benzodiazepínicos, em alterações comportamentais. Fisioterapia e fonoaudiologia também podem auxiliar na manutenção da qualidade de vida dos doentes.
A melhor compreensão das bases moleculares da enfermidade tem permitido o desenvolvimento de pesquisas em busca de soluções terapêuticas eficazes, que tragam uma melhor perspectiva para as famílias afetadas. Cientistas buscam formas de interromper a evolução da doença ou, ao menos, torná-la mais lenta, além de procurar maneiras de restaurar as funções já comprometidas e de evitar que a doença se manifeste nos portadores assintomáticos do defeito genético .

Células-Tronco

O assunto células-tronco, tem sido um dos mais debatidos na mídia. Como na maioria das novidades, esta área esta sendo superestimada se for considerada a realidade atual, entretanto não há duvidas sobre suas enormes potencialidades, pois com a evolução das pesquisas, em breve poderemos esperar um novo tipo de Medicina. Na verdade o que se tem hoje são perspectivas, devidos estudos já realizados com animais, mas em um futuro próximo, será estendido a humanos.
Podemos definir células-tronco, como as células encontradas em embriões, no cordão umbilical e em tecidos adultos, como o sangue, a medula óssea e o trato intestinal, por exemplo. Ao contrário das demais células do organismo, as células-tronco possuem grande capacidade de transformação celular, e por isso podem dar origem a diferentes tecidos no organismo. Além disso, as células-tronco têm a capacidade de auto-replicação, ou seja, de gerar cópias idênticas de si mesmas.

Fundamento teórico

Após a fecundação, a célula formada é denominada zigoto. O zigoto é uma célula totipotencial, ou seja, tem a capacidade de originar todo o individuo, com a sua complexa estruturação diferenciada. A célula originaria totipotencial, tem capacidade de desenvolver outro individuo, enquanto a célula pluripotencial não tem essa capacidade, mas ambas podem gerar qualquer outra célula do corpo. São essas duas as células, que podem ser chamadas de “células-tronco”.
Essas células podem ser classificadas como adultas e embrionárias:

1.Células-tronco adultas

Encontradas em partes já diferenciadas do organismo formado, como na medula e no fígado. Porém, são mais utilizadas para fins medicinais as células de cordão umbilical, da placenta e medula óssea. Pelo fato de serem retiradas do próprio paciente, oferecem baixo risco de rejeição nos tratamentos médicos. Apresentam uma desvantagem em relação às células-tronco embrionárias: a capacidade de transformação é bem menor

2.Células-tronco embrionárias

Encontradas apenas em embriões. Como característica principal apresenta uma grande capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula. Embora apresentem esta importante capacidade, as pesquisas médicas com estes tipos de células ainda encontram-se em fase de testes.

Perspectiva de aproveitamento

Várias áreas da Medicina estão em período experimental de aproveitamento de células-tronco.

Asma

Quando respirar torna-se um suplício. Os canais ficam muito estreitos e não deixam o ar sair dos pulmões.

O que é?

Doença que costuma atingir os alérgicos e tem forte influência genética. Recentemente, descobriu-se que a asma é uma doença inflamatória das veias aéreas. Algum microorganismo - vírus ou bactéria, na maioria das vezes - ou produtos alergênicos (poeira, fumaça, etc) desencadeiam um processo de inflamação no organismo e provocam o estreitamento dos brônquios e bronquíolos pulmonares, canais por onde passa o ar.
Fatores que desencadeiam a crise asmática
Mudanças climáticas; Inverno seco; Fumaça de cigarro; Poeira; Mofo; Pêlos de animais; Emoção forte.
O começo da crise asmática


Normalmente, o microorganismo que provoca a crise é uma bactéria ou um vírus. A crise também pode começar por causa dos alergênicos.
Quando chega ao pulmão, o microorganismo desperta a ação das plaquetas (células naturais de defesa do organismo), que tentam destruí-lo. Inicia-se o processo inflamatório.
As células de defesa liberam substâncias que tentam resolver o problema inflamatório mas, como resultado, levam a um estreitamento dos brônquios e bronquíolos (broncoconstricção), em especial os da extremidade, mais próximos aos alvéolos - reservatórios de ar.

Estrutura do brônquio

(1). Brônquio
(2). Bronquíolo
(3). Alvéolo

Sintomas

Com a constricção (estreitamento) dos canais de passagem do ar, vêm os primeiros sintomas:

Falta de ar

Os canais de passagem de ar estão muito estreitos. Com isso, o ar não consegue sair dos alvéolos, fica preso. A sensação que o asmático tem é a de que está impossibilitado de inspirar (colocar o ar para dentro), mas na verdade ele não está conseguindo expirar (expulsar o ar).

Chiado

Acontece porque o ar tenta passar com força por um canal muito estreito.

Os casos mais graves

Se a crise asmática perdurar por um ou dois dias, os sintomas se agravam. O indivíduo pode entrar em falência respiratória (o alvéolo está saturado de gás carbônico e o oxigênio não chega aos pulmões). Sem oxigênio nos pulmões, todos os órgãos também ficam comprometidos.

Como o organismo elimina o gás carbônico e obtém oxigênio


(1). Artéria pulmonar - sangue saturado de gás carbônico
(2). Veia pulmonar - sangue rico em oxigênio
O pulmão é o órgão do corpo responsável pela troca do gás carbônico (ar sujo) pelo oxigênio (limpo). A artéria pulmonar, que leva no sangue o ar sujo para ser substituído, envolve os alvéolos, que devem estar cheios de oxigênio para que a troca se efetive. Depois da troca, a veia pulmonar devolve o sangue com ar limpo para o coração espalhar oxigênio para os outros órgãos. Durante uma crise asmática, os alvéolos ficam muito tempo apenas com o gás carbônico. A troca gasosa não acontece.
Tratamento


Para aliviar a asma durante a crise, o medicamento mais usado é o broncodilatador, que vem em forma de bombinhas, injeções (esses dois lados têm efeitos mais rápidos), xaropes, cápsulas ou comprimidos. O remédio dilata os brônquios e facilita a passagem do ar. Apesar de muito usados, os broncodilatadores também são vasoconstrictores - ao mesmo tempo que dilatam os canais por onde passa o ar, eles estreitam a passagem de sangue. Isso pode acelerar os batimentos cardíacos e aumentar a pressão. Antiinflamatórios e antibióticos também são usados no tratamento e na prevenção.

Dicas para a hora da crise asmática
Durante a crise, procure manter a calma e permaneça em ambientes arejados. Falar pouco e usar roupas largas (desde que não sejam de lã) também aliviam o incômodo da crise.

Exercícios que ajudam






Depois de uma crise asmática, deite a criança de lado com as pernas dobradas.





Um cinto pressionando o abdome na hora de expirar contribui para que o ar saia dos pulmões.




Nesta posição, a caixa torácica comprime os pulmões e facilita a saída do ar.







CATÁLIZE ENZIMÁTICA



O grupo de proteínas mais variado e mais especializado é aquele cujos componentes exibem atividade catalítica - as enzimas. Quase todas as reações químicas em sistemas biológicos são catalisadas por enzimas. Elas têm eficiência catalítica extraordinária, em geral, muito maior que aquela dos catalizadores sintéticos, aumentando a velocidade de reações pelo menos um milhão de vezes.
As enzimas são uma das chaves para o entendimento de como as células sobrevivem e proliferam. Agindo em seqüências organizadas, elas catalisam as centenas de reações que ocorrem nas vias metabólicas, através das quais as moléculas e nutrientes são degradadas, a energia química conservada e transformada e as macromoléculas biológicas sintetizadas. Milhares de enzimas diferentes, cada uma capaz de catalisar um tipo de reação química, foram descobertos em diferentes organismos.

AMINOÁCIDOS

Aminoácidos alfa

Formula geral São aqueles que apresentam formula geral: R - CH (NH2)- COOH onde R é um radical orgânico. No aminoácido glicina o radical é o elemento H
O carbono ligado ao radical R é denominado carbono carbono 2 ou alfa.

Classificação

Dependendo do radical R os aminoácidos podem ser classificados em:
Aminoácidos apolares: Apresentam radicais de hidrocarbonetos apolares ou hidrocarbonetos modificados, exceto a glicina. São radicais hidrófobos.
Glicina: H- CH (NH2) - COOH
Alanina: CH3- CH (NH2) - COOH
Leucina: CH3-CH2-CH2-CH (NH2)- COOH
Valina: CH3-CH(CH3)-CH (NH2)- COOH
Isoleucina: CH3-CH2-CH (CH3)-CH (NH2)- COOH
Prolina:-CH2-CH2-CH2- ligando o grupo amino ao carbono alfa
Fenilalanina: C6H5-CH2-CH (NH2)- COOH
Triptofano: R aromático- CH (NH2)- COOH
Metionina: CH3-S-CH2-CH2- CH (NH2)- COOH
Aminoácidos polares neutros: Apresentam radicais que tendem a formar pontes de hidrogênio.
Serina: OH-CH2- CH (NH2)- COOH
Treonina: OH-CH (CH3)- CH (NH2)- COOH
Cisteina: SH-CH2- CH (NH2)- COOH
Tirosina: OH-C6H4-CH2- CH (NH2)- COOH
Asparagina: NH2-CO-CH2- CH (NH2)- COOH
Glutamina: NH2-CO-CH2-CH2- CH (NH2)- COOH
Aminoácidos ácidos: Apresentam radicais com grupo carboxílico.São hidrófilos.
Ácido aspártico: HCOO-CH2- CH (NH2)- COOH
Ácido glutâmico: HCOO-CH2-CH2- CH (NH2)- COOH
Aminoácidos básicos:' Apresentam radicais com o grupo amino. São hidrófilos
Arginina: HN=C(NH2)-NH-CH2-CH2-CH 2- CH (NH2)- COOH
Lisina: NH2-CH2-CH2-CH2-CH 2- CH (NH2)- COOH
Histidina: H-(C3H2N2)-CH2- CH (NH2)- COOH

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Clonagem Animal


A clonagem animal pode ser feita, basicamente, de duas formas: separando-se as células de um embrião em seu estágio inicial de multiplicação celular, ou pela substituição do núcleo de um óvulo por outro proveniente de uma célula de um indivíduo já existente (neste último caso utiliza-se a técnica de transferência nuclear, que segundo alguns especialistas não trata-se propriamente de clonagem. No entanto, como popularmente o termo tem se aplicado também a esta técnica, neste site não será feita essa distinção)
A primeira forma, separação provocada das células de um embrião, produzirá novos indivíduos exatamente iguais, quanto ao patrimônio genético, porém diferentes de qualquer outro já existente. É um processo semelhante ao que ocorre na natureza quando são gerados gêmeos univitelinos, que têm origem a partir de um mesmo óvulo e de um mesmo espermatozóide. Este tipo de procedimento já foi realizado, de forma experimental, com embriões humanos, em 1993, pelos pesquisadores norte-americanos Jerry Hall e Robert Stillman, da Universidade de George Washington, de Washington/EUA.
A segunda forma, que reproduz assexuadamente um indivíduo igual a outro previamente existente, pela substituição do material nuclear, também denominada de duplicação, foi proposto, teoricamente, pelo Prof. Hans Speman (1869 - 1941), em 1938. O Prof. Speman, biólogo alemão, ganhou o Prêmio Nobel de 1935 pelas suas contribuições no estudo da evolução dos seres vivos.
O primeiro experimento com sucesso já foi realizado em 1952, pelos Drs. Robert Briggs e Thomas J. King, do Instituto Carnegie/Washington-EUA. Eles obtiveram os primeiros clones de rãs, por substituição de núcleos celulares. Durante muitos anos isto foi testado em diferentes espécies animais, especialmente mamíferos. O Prof. Ian Wilmut e seus colaboradores, do Roslin Institute, de Edimburgo/Escócia, associados a empresa PPL, realizaram em 1996, uma substituição do núcleo de um óvulo pelo de uma célula mamária proveniente de uma ovelha adulta. Esse processo é teoricamente simples mas, na prática, é muito difícil e delicado.
Há duas diferenças básicas entre a clonagem induzida em animais feita a partir de células embrionárias e a realizada com células não reprodutivas. Os clones obtidos a partir de células embrionárias são limitados, pois cada ovo oferece somente de 8 a 16 células capazes de gerar embriões. Além disso, como o embrião clone derivou de um ovo, não se pode saber qual é o resultado final, pois ele é o produto de uma fecundação que contém uma combinação gênica desconhecida, que ainda não manifestou as suas características. Quanto aos clones obtidos a partir de células não reprodutivas, o resultado é certo, pois já se conhece o ser adulto que vai originar os clones. Neste caso, pode ser feito um número ilimitado de cópias.
Mais freqüente, a cópia de animais sob medida abre a perspectiva de curar doenças Prossegue a temporada de clones fabricados. Primeiro foi a ovelha Dolly, criada pelo embriologista Ian Wilmut nos laboratórios do Instituto Roslin, na Escócia. Em seguida vieram um par de macacos do Oregon, nos Estados Unidos, a vaquinha francesa Marguerite, que morreu alguns dias após o nascimento, os bezerros malhados Charlie e George e duas novilhas japonesas. A última novidade no campo da replicagem de animais foram 50 camundongos marrons, ou cinco gerações de clones, criados por pesquisadores da Universidade do Havaí. Os 17 meses transcorridos entre o anúncio do nascimento de Dolly - que, por sinal, já é mãe pelo método natural - e o dos ratos havaianos, 11dias atrás, consagraram a técnica de clonagem e alargaram os limites da ciência. Pesquisadores constroem cópias de animais a partir das células de suas matrizes e viram as costas à via normal de reprodução: a sexual.
Logo após a revelação do nascimento dos ratinhos, a empresa PPL Therapeutics, que financiou as pesquisas do criador de Dolly, anunciou sua associação com a ProBio America, sócia da Universidade do Havaí. Estava de olho no futuro e lucrativo mercado que anima essa pesquisa a princípio bizarra, mas com propósitos bem definidos: a clonagem de porcos com genes de outras espécies introduzidos artificialmente em suas células, os chamados transgênicos. Esses animais fariam o papel de uma fábrica viva de órgãos usados como substitutos dos órgãos humanos em transplantes, um filão do mercado mundial avaliado em US$ 6 bilhões por ano. Por enquanto, os xenotransplantes - transplantes de espécies "estrangeiras" - não são feitos por uma razão muito simples. Espécies diferentes não são compatíveis e, ao se misturar, podem favorecer o contágio de doenças ainda desconhecidas. Mas se prevê que, em breve, serão freqüentes.
A outra razão que move a criação desses animais também é econômica e não é nova. A PPL Therapeutics faz pesquisas com um rebanho de vacas, ovelhas e porcos transgênicos visando à produção de remédios para uso humano. É o caso de Polly, uma ovelha clonada que recebeu genes humanos. Quando ficar adulta, seu leite será rico em uma proteína usada para tratar fibrose cística e no fator coagulante 9, essencial no tratamento da hemofilia. Outras duas ovelhas transgênicas produzem o antioxidante EC-SOD, útil em transplantes e cirurgias cardíacas. Não é só: pesquisadores da Universidade do Colorado (EUA) transplantaram células clonadas de bois para o cérebro de ratos, obtendo sucesso no tratamento dos sintomas do mal de Parkinson nesses animais. Não há limites para os avanços que a medicina espera alcançar com os transgênicos. Acredita-se, por exemplo, que as pesquisas ajudarão a entender o processo de multiplicação de células doentes responsáveis pelo câncer.
"Clones e transgênicos são o resultado de técnicas indissociáveis", afirma o geneticista José Antonio Visintin, da Universidade de São Paulo. Enquanto os métodos de mutação genética produzem o animal com as características desejadas, a clonagem o multiplica. "É muito mais fácil fazer clones animais do que criar transgênicos", afirma seu colega Rodolfo Rumpf, da Embrapa. Rumpf e Visintin competem amigavelmente na criação do primeiro clone brasileiro, um bovino da raça nelore. Neste caso, a clonagem será usada com outro objetivo econômico importante: o melhoramento genético dos rebanhos. Ela pode significar o rápido desenvolvimento de vacas capazes de produzir mais leite e carne mais saborosa. A clonagem também poderá ter um fim nobre: salvar espécies ameaçadas, como o urso-panda chinês, o tigre-de-bengala ou o mico-leão-dourado. "Um dos principais clientes da biotecnologia é a preservação genética de animais em via de extinção", diz o pesquisador da Embrapa.
Se a clonagem de animais é possível, por que não a de humanos? A pergunta é natural e já foi formulada por vários cientistas desde a vinda de Dolly ao mundo. O médico americano Richard Seed causou reação ao anunciar no final do ano passado, em um simpósio médico de Chicago, estar apto a fabricar clones humanos dentro de 18 meses. Seed não pôde levar sua proposta adiante, mesmo porque os Estados Unidos, como a maioria dos países, entre eles o Brasil, proibiram experiências com seres humanos. Não haverá clones humanos fazendo companhia a porcos, bois, ovelhas e camundongos. O simples bom senso impede que experiências desse tipo sejam realizadas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Atmosfera

A atmosfera da Terra vista do espaço é um espetáculo único no Sistema Solar. Apesar de formada por várias camadas, elas não aparecem claramente separadas entre si. Ao contrário do que ocorre em outros planetas, aqui as nuvens não impedem à visão da superfície. Mesmo encobrindo permanentemente cerca de 50% do planeta, seu movimento contínuo e suave revela aos poucos todos os mares e continentes da Terra.
Muito tênue e quase transparente, ela é 99% nitrogênio e oxigênio, proporção derivada da complexa história dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorreram incessantemente no planeta nos últimos bilhões de anos. Mas o ar que respiramos hoje não é o mesmo de quando a atmosfera surgiu. Antes quase não havia oxigênio, e o hidrogênio era abundante. Os químicos diriam que temos hoje uma “atmosfera oxidante”, enquanto no passado tínhamos uma “atmosfera redutora”.
Furacão Isabel atinge os Estados Unidos em setembro de 2003. Imagem de satélite.

Troposfera

TODO O AR QUE RESPIRAMOS e os fenômenos meteorológicos concentram-se na camada imediatamente acima do solo – a troposfera. O prefixo “tropo” significa mudança: todas as alterações nessa camada resultam no que chamamos de clima.
A troposfera se estende até 12 ou 18 km quilômetros acima do nível do mar (a altura depende da estação do ano e da latitude). Vivemos no fundo de um oceano de ar e, sem perceber, somos pressionados por ele à razão de 1 kg por cada centímetro quadrado de nossa pele – o equivalente a 1.700 kg sobre a cabeça. É a pressão atmosférica, um lembrete de que o ar tem massa e portanto peso.

Divisão da atmosfera terrestre

Mas é impossível reconhecer um limite superior, ou seja, estabelecer a altura em que termina o invólucro de ar que envolve a Terra. Gases que já são mínimos a somente algumas dezenas de quilômetros tornam-se cada vez mais rarefeitos até se dispersarem no espaço. Traços da atmosfera podem ser detectados a mais de 500 km, mas 80% da massa de ar que envolve a Terra fica na troposfera.
Existe sempre água, na forma de vapor invisível, misturada ao ar na troposfera. É a condensação desse vapor de água que origina a maior parte dos fenômenos climáticos, como nuvens, nevoeiro, chuva ou neve. O ar quente suporta mais vapor que o ar frio, mas há um limite para a quantidade de água que um certo volume de ar pode conter. Quando esse limite é alcançado, dizemos que o ar está saturado.
Geralmente o ar não está saturado, contendo apenas uma fração do vapor da água possível. Essa fração, expressa em percentagem, é a umidade relativa, que também se relaciona com a temperatura do ar. Se resfriarmos o ar não saturado em algum momento ele atingirá a saturação. Qualquer resfriamento maior levará a condensação da água, como quando sua respiração úmida e quente causa o embaciamento das janelas frias de um carro.
Vapores e nuvens

O VAPOR DE ÁGUA É LEVADO PELAS MASSAS DE AR QUENTE a grandes altitudes, onde é mais frio. Mas a condensação não bastaria para criar as nuvens. O que leva as gotículas de água a se aglomerarem são os chamados núcleos de condensação, fragmentos de matéria sólida distribuídos na atmosfera pelas correntes de ar aquecido.
Microscópios, porém com grande poder aglutinador, quando a temperatura cai os núcleos de condensação agarram as moléculas de água em suspensão, formando grandes massas esbranquiçadas de umidade concentrada que chamamos de nuvens.
E talvez você não saiba, mas há uma classificação para as nuvens. Não estão vivas, mas também são divididas em gêneros e espécies, cada uma com suas particularidades.
As do tipo "cúmulos" são formadas por convecção, com o ar em movimento vertical, tomando o aspecto de flocos de algodão. Muito comum no verão, sua presença no céu é sinal de tempo bom. Mas as cúmulos também pode se carregar de maus humores e formar as temíveis cúmulo-nimbos, as nuvens de tempestade.
Outro tipo de nuvem muito comum são as "estratos". Cinzentas, elas surgem com o ar calmo e têm a forma de um lençol baixo e uniforme, não raras vezes anunciando chuva. Já as “cirrus” têm o aspecto de plumas, véus – ou como sugere o nome, mechas de cabelo. São formadas por cristais de gelo e assumem formas peculiares devido aos fortes ventos das altitudes onde se encontram.
O céu que nos protege

OS ROBÔS QUE ESTÃO EXPLORANDO MARTE também observaram nuvens cirrus no céu lilás daquele planeta. Aliás, a cor do nosso céu é azul porque as moléculas gasosas da atmosfera terrestre difundem a luz solar em comprimentos de onda mais curtos, como o azul e o ciano.
Composição de fotografias em preto e branco obtidas pelo robô Spirit exibemo céu marciano decorado com nuvens do tipo cirrus. Imagem: Nasa/JPL.
Mas o azul se atenua e fica esbranquiçado quando há muitas partículas em suspensão. Já quando o Sol está perto do horizonte o céu fica alaranjado, pois a luz tem de percorrer camadas mais espessas de ar, favorecendo a absorção do azul.
Sem atmosfera, mesmo de dia o céu pareceria negro. Sobrariam apenas o brilho ofuscante do Sol e de outros corpos celestes. Visto da Terra o Sol aparece amarelo, mas do espaço ou da Lua ele seria branco, pois lá não há dispersão da luz. A atmosfera permite a vida na Terra e ainda determina o modo como nós vemos o mundo – embaixo de seis quadrilhões de toneladas de ar.

AIDS



A Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS, este último acrônimo é mais comum no Brasil) é o conjunto de sintomas e infecções em seres humanos resultantes do dano específico do sistema imunológico ocasionado pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH, ou HIV segundo a terminologia anglo-saxónica).
O alvo principal são os linfócitos TCD4, fundamentais para a coordenação das defesas do organismo.
Assim que o número destes linfócitos diminui abaixo de certo nível (o centro de controle de doenças dos Estados Unidos da América define este nível como 200 por ml), o colapso do sistema imune é possível, abrindo caminho a doenças oportunistas e tumores que podem matar o doente. Existem tratamentos para a SIDA/AIDS e o HIV que diminuem a progressão viral, mas não há nenhuma cura conhecida.
HIV
HIV é um retrovírus, ou seja é um vírus com genoma de RNA, que infecta as células e, através da sua enzima transcriptase reversa, produz uma cópia do seu genoma em DNA e incorpora o seu próprio genoma no genoma humano, localizado no núcleo da célula infectada. O HIV é quase certamente derivado do vírus da imunodeficiência símia.
Há dois vírus HIV, o HIV que causa a SIDA/AIDS típica, presente em todo o mundo, e o HIV-2, que causa uma doença em tudo semelhante, mais frequente na Africa Ocidental, e também existente em Portugal.O HIV reconhece a proteína de membrana CD4, presente nos linfócitos T4 e macrófagos, e pode ter receptores para outros dois tipos de moléculas presentes na membrana celular de células humanas: o CCR5 e o CXCR4. O CCR5 está presente nos macrófagos e o CXCR4 existe em ambos macrófagos e linfócitos T4, mas em pouca quantidade nos macrófagos.
O HIV acopla a essas células por esses receptores (que são usados pelas células para reconhecer algumas citocinas, mais precisamente quimiocinas), e entra nelas fundindo a sua membrana com a da célula. Cada virion de HIV só tem um dos receptores, ou para o CCR5, o virion M-trópico, ou para o CXCR4, o virion T-trópico. Uma forma pode-se converter na outra através de mutações no DNA do vírus, já que ambos os receptores são similares.
A infecção por HIV normalmente é por secreções genitais ou sangue. Os macrófagos são muito mais frequentes que os linfócitos T4 nesses liquidos, e sobrevivem melhor, logo os virions M-trópicos são normalmente aqueles que transmitem as infecções. No entanto, como os M-trópicos não invadem os linfócitos, eles não causam a diminuição dos seus números, que define a SIDA. No entanto, os M-trópicos multiplicam-se e rapidamente surgem virions mutantes que são T-trópicos.
Os virions T-trópicos são pouco infecciosos, mas como são invasores dos linfócitos, são os que ultimamente causam a imunodeficiência. É sabido que os raros indivíduos que não expressam CCR5 por defeito genético não aquirem o vírus da HIV mesmo se repetidamente em risco.
O HIV causa danos nos linfócitos, provocando a sua lise, ou morte celular, devido à enorme quantidade de novos virions produzidos no seu interior, usando a sua maquinaria de síntese de proteínas e de DNA. Outros linfócitos produzem proteínas do vírus que expressam nas suas membranas e são destruídos pelo próprio sistema imunitário. Nos linfócitos em que o vírus não se replica mas antes se integra no genoma nuclear, a sua função é afectada, enquanto nos macrófagos produz infecção latente na maioria dos casos. Julga-se que os macrófagos sejam um reservatório do vírus nos doentes, sendo outro reservatório os ganglios linfáticos, para os quais os linfócitos infectados migram, e onde disseminam os virions por outros linfócitos aí presentes.





Microfotografia do vírus do HIV a sair de Linfócito

É irónico como a resposta imunitária ao HIV nas primeiras semanas de infecção é eficaz em destruí-lo, mas as concentrações de linfócitos nos gânglios linfáticos devido à resposta vigorosa levam a que os virions sobreviventes infectem gradualmente mais e mais linfócitos, até que a resposta imunitária seja revertida.
A reacção eficaz é feita pelos linfócitos T8, que destróem todas as células infectadas. Contudo, os T8, como todo o sistema imunitário, está sob controlo de citocinas (proteínas mediadoras) produzidas, pelos T4, que são infectados.
Eles diminuem em número com a progressão da doença, e a resposta inicialmente eficaz dos T8 vai sendo enfraquecida. Além disso as constantes mutações do DNA do HIV mudam a conformação das proteínas de superfície, dificultando continuamente o seu reconhecimento.

AIDS

A síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) é a doença infecciosa que mais mata no mundo. Desde que foi reconhecida pelo CDC (sigla em inglês para Centro para o Controle de Doenças), de Atlanta, EUA, em 1981, a AIDS se espalhou rapidamente, sendo considerada uma epidemia mundial já no final da década de 1980. Hoje, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 40 milhões de pessoas possuem a enfermidade. Do total de infectados, aproximadamente 95% vivem em países em desenvolvimento, sobretudo na África, onde 10% da população está contaminada. No Brasil, já foram notificados mais de 215 mil casos, principalmente nas regiões Sudeste e Sul. A AIDS não tem cura e já matou cerca de 20 milhões de pessoas desde o início da epidemia.
A doença é causada pelo vírus HIV (sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana), que compromete o funcionamento do sistema imunológico, impedindo-o de executar sua tarefa de proteger o organismo contra as agressões externas (por bactérias, outros vírus e parasitas) e contra células cancerígenas. Com o progressivo comprometimento do sistema imunológico, o corpo humano se torna cada vez mais susceptível a tipos raros de cânceres (sarcoma de Kaposi e o linfoma cerebral) e às doenças oportunistas - dessas, a pneumonia provocada pelo protozoário Pneumocystis carinii é a mais comum, detectada em cerca de 57% dos casos. A toxoplasmose, a criptococose e as afecções provocadas por citomegalovírus são outras infecções freqüentemente encontradas nos indivíduos imunodeprimidos.
O HIV sofreu algumas modificações genéticas, desde que passou do macaco para o homem, formando diferentes subtipos de vírus. O HIV1 é o causador da epidemia mundial de AIDS e pode ser dividido em três grupos: M, O e N. O grupo M é o mais abundante no mundo e evoluiu geneticamente para formar subtipos que vão de A a J. No Brasil, encontramos o subtipo B como predominante (80% das infecções), seguidos dos subtipos F e C (com maior prevalência na região Sul do Brasil). O HIV2 foi encontrado na África Subsaariana, região onde a doença evolui mais rapidamente.
Somente no sangue, esperma, secreção vaginal e leite materno o vírus da AIDS aparece em quantidade suficiente para causar a moléstia. Para haver a transmissão, o líquido contaminado de uma pessoa tem que penetrar no organismo de outra. Isso pode acontecer durante a relação sexual, ao se compartilhar seringas, agulhas e objetos cortantes infectados, na transfusão de sangue contaminado, no momento do parto e até durante a amamentação.
Para saber se a pessoa é portadora do vírus da AIDS, deve-se fazer um exame de sangue e observar se há a presença de anticorpos produzidos pelo doente para combater o vírus HIV. Esse teste se chama diagnóstico sorológico e apresenta resultado positivo quando esses anticorpos são detectados, por isso que o indivíduo portador de HIV também é chamado de soropositivo. Existe um intervalo de tempo entre a contaminação e o aparecimento de anticorpos no sangue, chamado de janela imunológica, que dura em média de duas a três semanas, podendo se estender raramente até seis meses.
Geralmente, depois de a pessoa ser contaminada pelo HIV, há um período de incubação prolongado até que os sintomas da doença apareçam. Esse tempo depende da reação orgânica individual da pessoa e também do tipo de vírus com o qual ela foi contaminada. De acordo com as estatísticas, mais da metade dos soropositivos apresenta os sintomas da AIDS após oito anos de infecção. Os primeiros fenômenos observáveis são fraqueza, febre, emagrecimento, diarréia prolongada sem causa aparente. Na criança que nasce infectada, os efeitos mais comuns são problemas nos pulmões, diarréia e dificuldades no desenvolvimento.
Atualmente, existem alguns remédios eficazes no combate às doenças oportunistas. No entanto, eles não conseguem eliminar o HIV do organismo. Diversos medicamentos já são amplamente utilizados no tratamento da AIDS com resultados excelentes tanto na sobrevida como na qualidade de vida, como os anti-retrovirais - que impedem a multiplicação do vírus e fazem parte do coquetel anti-AIDS. Alguns exemplos são o zidovudina (AZT), o didanosina (ddl), o abacavir (ABC) e o lamivudina (3TC) e os mais recentes que impedem a ação da enzima protease (inibidores de protease).
No Brasil, o programa de combate à AIDS fornece os medicamentos gratuitamente para os imunodeprimidos. Entretanto, a melhor forma de combate à doença é ainda a prevenção. Para evitar a transmissão da AIDS, recomenda-se uso de preservativo durante a relação sexual, uso de seringas e agulhas descartáveis, teste prévio no sangue a ser transfundido e uso e luvas quando estiver manipulando feridas ou líquidos potencialmente contaminados.

CÂNCER DE ESTÔMAGO

O estômago é um órgão do sistema digestivo que fica entre as extremidades do esôfago e do intestino.
Depois de ingerido, o alimento desce pelo esôfago e passa para o estômago, onde existem glândulas que secretam enzimas para transformar o alimento em uma pasta semi-líquida, que passa para o duodeno e, em seguida, percorre o intestino.
O tecido que reveste o estômago é composto por quatro camadas: a interna, chamada mucosa, contém as glândulas secretoras de pepsina e de ácido hidroclorídrico.
A próxima camada é a submucosa, que dá sustentação à mucosa. A terceira, é formada por músculos que se contraem para ajudar os sucos gástricos a homogeneizar o alimento. A última camada, chamada serosa, recobre todo o estômago.
Possíveis causas e fatores de risco de câncer de estômago

A incidência de câncer de estômago tem diminuído consideravelmente nos últimos trinta anos, principalmente nos países ocidentais. Não se sabe bem o porquê, mas estudos têm sugerido que isso se deve ao desenvolvimento de métodos mais apropriados de conservação dos alimentos.
A ocorrência de câncer de estômago é duas vezes maior em homens do que em mulheres e costuma acometer pessoas acima de 50 anos de idade.
Suas causas exatas ainda não são conhecidas, mas pessoas que sofrem de distúrbios gástricos provocados por uma bactéria chamada Helicobacter pylorii parecem estar mais suscetíveis a desenvolvê-lo, bem como as que sofrem de anemia perniciosa, que resulta em uma deficiência de vitamina B12. A propensão hereditária de formação de pólipos no estômago também pode ser um fator de risco
Sinais e sintomas mais freqüentes

O câncer de estômago é curável, na maioria dos casos, quando detectado em sua fase inicial. Entretanto, sua detecção precoce é relativamente difícil, uma vez que no começo, não costuma apresentar sintomas. Quando ocorrem, os mais comuns são:
repetidos episódios de indigestão
perda de apetite
dificuldades para engolir
perda de peso
inchaço abdominal após as refeições
náuseas constantes
azia persistente
sangue nas fezes ou fezes escuras demais
Estes sintomas são comuns em muitas outras situações; a maioria das pessoas que os apresentam não tem câncer de estômago. Entretanto, é importante relatá-los ao médico para tratar suas causas.
Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico definitivo de câncer de estômago só é possível por meio de uma biópsia. Geralmente ela é feita durante uma endoscopia, procedimento que é feito por um médico gastroenterologista, que introduz pela boca do paciente um tubo fino contendo um telescópio na extremidade que desce pelo esôfago até atingir o estômago. Com este aparelho o médico é capaz de visualizar o interior do estômago e colher uma pequena amostra de tecido para ser examinada pelo patologista, à luz do microscópio.
Se o diagnóstico de câncer for confirmado, o médico solicitará outros exames, tais como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para verificar se o câncer se espalhou para outros órgãos.
Como o câncer de estômago se desenvolve

O processo inicia-se na primeira camada do estômago - na mucosa. À medida que cresce, o tumor vai se instalando nas camadas seguintes até ultrapassar as paredes do estômago e alcançar órgãos adjacentes como o pâncreas e o baço.
Posteriormente, ele pode atingir os gânglios linfáticos mais próximos e, através da circulação linfática, instalar-se em locais mais distantes, dando origem a metástases.
Tratamento
O tratamento cirúrgico é a principal alternativa terapêutica para o câncer de estômago. A cirurgia de ressecção (gastrectomias) de parte ou de todo o estômago associada à retirada de linfonodos, além de permitir ao paciente um alívio dos sintomas, é a única chance de cura. Para determinar a melhor abordagem cirúrgica, deve-se considerar a localização, tamanho, padrão e extensão da disseminação e tipo histológico do tumor. São também esses fatores que determinam o prognóstico do paciente. A radioterapia e a quimioterapia são considerados tratamentos secundários que associados à cirurgia podem determinar melhor resposta ao tratamento.

sábado, 12 de setembro de 2009

Como Viver Com Os Outros?

A ciência mais difícil que até hoje encontramos foi a de viver em conjunto,e o mais interessante é que precisamos desse intercâmbio para viver. A lei nos condicionou a essas necessidades biológicas e espirituais.A própria vida perde o sentido se nos isolarmos das criaturas. Elas têm algoque não possuímos e nós doamos a elas certos estímulos que a natureza lhes negou. Vemos nisto a presença de Deus, levando-nos ao amor de uns para com os outros. E assim aprendemos a amar por Amor.A sociedade cada vez mais se aprimora, desde quando seus membros passama se respeitar mutuamente, entrosando as qualidades e desfrutando da fraternidade na convivência. A sociedade é, pois, a flor do aprimoramento humano. No entanto, essa sociedade não pode existir sem o lar. Ela se desarmoniza se deixar de existir a família, que é o sustentáculo da harmonia que pode ser desfrutada pelos homens, em todos os rumos dos seus objetivos.Se queres paz em teu lar, começa a respeitar os direitos dos que convivemcontigo. Se romperes a linha divisória dos direitos alheios, afrontarás a tua própria paz.Quem somente impõe suas idéias, passa a ser joguete dos pensamentos dos outros, às vezes, sem perceber. Estuda a natureza humana, pelos livros e pela observação, que a experiência te dirá os caminhos a tomar e a conduta a ser seguida. Vê como falas a quem te ouve e como ouves a quem te fala e, neste auto-aprendizado, as lições serão guardadas em lugares de que a vida sabe cuidar.Não gastes teu tempo em palavras que desagradam, nem em horas de silêncioque desapontam. Procura usar as oportunidades no bom senso que equilibra a alma.Procura conversar com os outros na altura que eles já atingiram. Isso não é disfarce, é respeito às sensibilidades, é sentir-te irmão de todos em todas as faixas da vida. Ao encontrares uma criança, não passas a ser outra para que ela te entenda? Assim deves fazer nas dimensões da vida humana em que te encontras.A felicidade depende da compreensão, que gera Caridade, que gera Amor.Conviver com os outros é, realmente, uma grande ciência, é a ciência da vida. Fomos feitos para viver em sociedade. Se recusarmos, atrofiamo-nos e disso temos provas observando as plantas que frutificam mais em conjunto; as pedras, que dão mais segurança quando amontoadas, e os animais, que sempre andam em convivência. Tudo se une para a maior grandeza da criação.Essas lições não são somente para os encarnados. Os espíritos, na erraticidade,igualmente obedecem a essa grande regra de viver bem. Nós nos unimos em todas asfaixas a que pertencemos, no entusiasmo do bem, que nos dá a vida. Aprendamos, pois, a conviver, a entender e respeitar os nossos irmãos que trabalham e vivem conosco, que tudo passará a ser, para nós, motivo de felicidade, onde enxergaremos somente o Amor.Contrariar as leis que nos congregam é desagregar a nossa própria paz. E para aprender a viver bem com os outros, necessário se faz que nos eduquemos em todos os sentidos, que nos aprimoremos em todas as virtudes. Sem esse trabalho interior, será difícil alcançar a paz imperturbável no reino do coração.

A ciência de viver

Uma vida sem objetivo é uma vida sem alegria.
Tenham todos um objetivo. Mas não se esqueçam de que da qualidade de seu objetivo vai depender a qualidade de sua vida.
Que seu objetivo seja elevado e vasto, generoso e desinteressado; assim, sua vida se tornará preciosa para vocês mesmos e para os outros.
No entanto, qualquer que seja o ideal a que vocês se proponham atingir, vocês só poderão realizá-lo perfeitamente se realizarem a perfeição em vocês mesmos.
O primeiro passo neste trabalho de auto-aperfeiçoamento é tornar-se consciente de si, das diferentes partes de seu ser e de suas respectivas atividades. É preciso aprender a distinguir estas diferentes partes uma da outra, para que vocês se dêem conta claramente da origem dos movimentos que se produzem em vocês, dos impulsos, das reações, das veleidades diversas que os impelem a agir. É um estudo assíduo que exige muita perseverança e sinceridade; pois a natureza do homem, especialmente sua natureza mental, tem a tendência espontânea de dar uma explicação favorável a tudo o que nós pensamos, sentimos, dizemos e fazemos. Somente observando estes movimentos com muito cuidado, fazendo-os passar, por assim dizer, diante do tribunal de nosso ideal mais alto, com uma vontade sincera de nos submetermos a seu julgamento, é que podemos esperar educar em nós um discernimento que não se engana de modo algum. Pois se quisermos realmente progredir e adquirir a capacidade de conhecer a verdade de nosso ser, isto é, aquilo para que somos realmente feitos, o que podemos chamar nossa missão sobre a terra, precisamos, muito regularmente e muito constantemente, rejeitar de nós ou abolir em nós o que está em contradição com a verdade de nossa existência, o que se opõe a ela. É assim que pouco a pouco todas as partes, todos os elementos de nosso ser podem ser organizados em um todo homogêneo em torno de nosso centro psíquico. Este trabalho de unificação exige muito tempo para ser levado a algum grau de perfeição; assim, para realizá-lo, devemos armar-nos de paciência e perseverança, determinados a prolongar nossa vida tanto quanto for necessário para termos êxito em nosso empreendimento.
Ao mesmo tempo em que vocês prosseguem com este trabalho de purificação e unificação, é preciso dar bastante atenção ao aperfeiçoamento da parte exterior e instrumental de seu ser. Quando a verdade superior se manifestar, será preciso que ela encontre em vocês um mental rico e flexível o suficiente para ser capaz de conferir à idéia que quer se expressar a forma de pensamento que conserve sua força e sua clareza. Este pensamento, por sua vez, quando quiser revestir-se de palavras, deve encontrar em vocês um poder de expressão suficiente para que as palavras revelem o pensamento e não o deformem de modo algum. E esta fórmula da qual vocês terão revestido a verdade deve ser manifestada em todos os seus sentimentos, todas as suas vontades, todas as suas ações, todos os movimentos de seu ser. Finalmente, estes próprios movimentos devem, por um esforço constante, atingir sua mais alta perfeição.
Tudo isto pode ser realizado com a ajuda de uma quádrupla disciplina cujas grandes linhas vão ser dadas aqui. Estes quatro aspectos da disciplina não excluem um ao outro, e podem ser seguidos ao mesmo tempo; de fato, é preferível que seja assim. O ponto de partida será o que pode ser chamado a disciplina psíquica. Damos o nome “psíquico” ao centro psicológico de nosso ser, a sede, em nós, da mais alta verdade de nossa existência, aquilo que tem o poder de conhecer e pôr em movimento esta verdade. É portanto de importância capital tornar-se consciente de sua presença em nós, concentrarmo-nos nesta presença, até que ela seja um fato vivo para nós e possamos nos identificar com ela.
Através do tempo e do espaço muitos métodos foram preconizados para obter esta percepção e finalmente realizar esta identificação. Certos métodos são psicológicos, outros religiosos, outros mesmo mecânicos. Na realidade, cada um deve encontrar o que melhor lhe convém; e se sua aspiração for ardente e tenaz, se sua vontade for persistente e dinâmica, é certo encontrar, de uma maneira ou de outra, exteriormente pela leitura ou pelo ensinamento, interiormente pela concentração, meditação, revelação e experiência, a ajuda de que se precisa para atingir seu objetivo. Só uma coisa é absolutamente indispensável: a vontade de descobrir e realizar. É preciso que esta descoberta e esta realização sejam a preocupação primordial do ser, a pérola de alto preço que se adquire custe o que custar. O que quer que vocês façam, sejam quais forem as suas ocupações e suas atividades, a vontade de descobrir a verdade de seu ser e de se unir a ela deve estar sempre viva e presente atrás de tudo o que vocês fazem, tudo o que vocês experienciam, tudo o que vocês pensam.
Para completar este movimento de descoberta interior, é bom não negligenciar o desenvolvimento mental. Pois o instrumento mental pode ser tanto uma grande ajuda quanto um obstáculo muito grande. A mentalidade humana, em seu estado natural, é sempre limitada em sua visão, estreita em sua compreensão, rígida em suas concepções. É preciso portanto fazer um esforço constante para alargá-la, torná-la flexível e aprofundá-la. Assim, é muito necessário considerar cada coisa de tantos pontos de vista quanto possível. Neste sentido, existe um exercício que dá muita flexibilidade e elevação ao pensamento. É o seguinte: coloca-se uma tese, formulando-a claramente. Depois, opõe-se a ela sua antítese, formulada com a mesma precisão. Em seguida, por reflexão cuidadosa, é preciso ampliar o problema ou elevar-se acima dele, até que se encontre a síntese que una os dois contrários em uma idéia mais vasta, mais alta e mais abrangedora. [Nota de Pausa para a Filosofia: O livro “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes”, de André Comte-Sponville, ilustra esta técnica sugerida por Mira Alfassa.]
Muitos outros exercícios do mesmo tipo podem ser feitos; alguns têm um efeito benéfico sobre o caráter e têm assim uma dupla vantagem: a de educar o mental e a de estabelecer um controle sobre os sentimentos e suas conseqüências. Por exemplo, não se deve nunca permitir a seu mental julgar coisas e pessoas; porque o mental não é um instrumento de conhecimento; é impossível para ele encontrar o conhecimento, mas ele deve ser movido pelo conhecimento. O conhecimento pertence a um domínio muito mais elevado que o da mentalidade humana, bem acima da região das idéias puras. O mental deve estar silencioso e atento, para receber o conhecimento do alto e para manifestá-lo; pois ele é um instrumento de formação, de organização e de ação; e é nestas funções que ele atinge seu valor pleno e sua real utilidade.
Um outro hábito que pode ser muito proveitoso para o progresso da consciência consiste – quando se está em desacordo com alguém sobre um assunto qualquer, uma decisão a tomar, um ato a cumprir – em nunca ficar fechado em sua própria concepção, seu próprio ponto de vista. Ao contrário, é preciso esforçar-se para compreender o ponto de vista do outro, colocar-se em seu lugar e, em vez de discutir ou mesmo brigar, é preciso encontrar a solução que possa satisfazer razoavelmente as duas partes: há sempre uma para pessoas de boa vontade.
É aqui que deve ser mencionada a disciplina do vital. O ser vital em nós é a sede dos impulsos e dos desejos, do entusiasmo e da violência, da energia dinâmica e das depressões desesperadas, das paixões e das revoltas. Ele pode pôr tudo em movimento, construir e realizar; mas pode também destruir e estragar tudo. Assim, talvez, no ser humano, ele é a parte mais difícil de disciplinar. É um trabalho de longo fôlego e de grande paciência, que exige uma sinceridade perfeita, pois sem sinceridade desde os primeiros passos nós nos iludiremos, e toda tentativa de progresso será vã. Com a colaboração do vital nenhuma realização parece impossível, nenhuma transformação impraticável. Mas a dificuldade é obter esta colaboração constante. O vital é um bom trabalhador, mas na maioria das vezes procura sua própria satisfação. Quando ela lhe é recusada totalmente ou mesmo parcialmente ele fica perturbado, mal-humorado e faz greve; a energia desaparece mais ou menos completamente e deixa em seu lugar repugnância por coisas e por pessoas, desencorajamento ou revolta, depressão e descontentamento. Nesses momentos é bom ficar quieto e recusar-se a agir; pois são os momentos em que se faz besteiras e onde, em alguns instantes, pode-se destruir ou pôr abaixo meses de esforços regulares e o progresso que resulta deles. Estas crises são menos duráveis e menos perigosas no caso daqueles que estabeleceram suficientemente o contato com seu ser psíquico, assim mantendo viva em si a chama da aspiração e a consciência do ideal a realizar. Com a ajuda desta consciência, eles podem lidar com seu vital como se lida com uma criança revoltada, pacientemente e com perseverança, mostrando-lhe a verdade e a luz, esforçando-se para convencê-lo e acordar nele a boa vontade que por um momento esteve velada. Graças a esta paciente intervenção, cada crise pode ser mudada em um novo progresso, em um passo a mais em direção ao objetivo. Os progressos podem ser lentos, as recaídas podem ser freqüentes, mas mantendo uma vontade corajosa é certo triunfar um dia e ver todas as dificuldades se dissolverem e desaparecerem diante da irradiação da consciência da verdade.
Finalmente, é preciso, por uma educação física racional e que vê claramente, tornar nosso corpo forte e flexível o suficiente para que ele se torne no mundo material o instrumento apropriado da força de verdade que quer se expressar através de nós.
De fato, o corpo não deve reger; ele deve obedecer; e por sua própria natureza, ele é um servidor dócil e fiel. Infelizmente, ele raramente tem a capacidade de discernimento necessária em relação a seus mestres, a mente e o vital. Obedece-lhes cegamente, em grande detrimento de seu próprio bem-estar. O mental com seus dogmas e seus princípios rígidos e arbitrários, o vital com suas paixões, seus excessos e extravasamentos, apressam-se em destruir o equilíbrio natural do corpo e criar nele os cansaços, as exaustões e as doenças. É preciso tirá-lo desta tirania, e isto só pode ser feito pela união constante com o centro psíquico do ser. O corpo tem uma notável capacidade de adaptação e resistência. Ele está apto a fazer bem mais coisas do que geralmente se pensa. Se, em vez dos mestres ignorantes e despóticos que o governam, ele for regido pela verdade central do ser, ficaremos maravilhados com aquilo de que ele é capaz. Calmo e tranqüilo, forte e equilibrado, ele poderá a cada minuto produzir o esforço que lhe for exigido, pois terá aprendido a encontrar o repouso na ação, e a recuperar, pelo contato com as forças universais, as energias gastas útil e conscientemente. Nesta vida equilibrada e sadia, uma nova harmonia se manifestará no corpo, refletindo a harmonia das regiões superiores, que dará a ele a perfeição das proporções e a beleza ideal das formas. E esta harmonia será progressiva, pois a verdade do ser nunca é estática; ele é o perpétuo desdobramento de uma perfeição crescente, cada vez mais total e abrangedora. Assim que o corpo tiver aprendido a seguir este movimento de harmonia progressiva, ser-lhe-á permitido, através de uma transformação ininterrupta, escapar à necessidade da desintegração e da destruição. Assim a irrevogável lei da morte não mais terá razão de existir.
Quando tivermos atingido este grau de perfeição que é nosso objetivo, perceberemos que a verdade que procuramos é constituída de quatro aspectos principais: o amor, o conhecimento, o poder e a beleza. Estes quatro atributos da verdade se expressarão espontaneamente em nosso ser. O psíquico será o veículo do amor puro e verdadeiro, o mental o do conhecimento infalível, o vital manifestará o poder e a força invencíveis e o corpo será a expressão de uma beleza e de uma harmonia perfeitas.

VIVER MAIS E MELHOR A CIÊNCIA DO ENVELHECIMENTO


Viver muito mais que os avós já é uma realidade para a geração atual de jovens e adultos. A promessa da ciência agora é a de uma velhice mais saudável e prazerosaAinda há muitas lacunas na compreensão científica do envelhecimento. Mas aquilo que a medicina já dominou concretamente a respeito desse processo abre caminho para, pela primeira vez, atacar as razões que levam à decrepitude física e mental. A visão que os cientistas têm hoje das reações bioquímicas que ocasionam o desmoronamento das estruturas sadias do corpo humano é a mais completa já colocada de pé pelos estudiosos. O geneticista Gilson Luis da Cunha, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, explica que a concepção mais atual do envelhecimento enxerga o processo como um jogo de varetas: quando se tira um palitinho, os demais se desequilibram. Componentes genéticos e ambientais se confundem, se somam e se multiplicam, numa cascata de desajustes que leva as células e, eventualmente, o indivíduo ao envelhecimento e à morte. São evidentes as vantagens terapêuticas de enxergar os processos bioquímicos do corpo humano como um feixe de varetas. Graças a essa visão, os cientistas passaram a entender que o ataque ao processo de envelhecimento tem de ser total – ou seja, não basta tentar retardar um ou outro dos fenômenos vitais. É preciso que todos sejam monitorados e corrigidos antes que comecem a perturbar a harmonia do todo. É comum, por exemplo, que as pessoas, por volta dos 50 anos, comecem a ter aumento de ácido úrico, de colesterol e da concentração de açúcar no sangue. Essas três alterações costumam aparecer ao mesmo tempo, como em uma orquestração genética perversa. Essa e outras dessas orquestrações precisam ser atacadas todas de uma vez.O gerontologista inglês Aubrey de Grey, de 41 anos, um dos maiores estudiosos e visionários da ciência que se ocupa do prolongamento da juventude, afirma que são sete as frentes que precisam ser decifradas para que esse objetivo possa ser atingido. Ele compara cada uma delas a "pequenas goteiras que se não forem estancadas acabam fazendo o teto desabar". Grey está absorvido pela idéia de que, dado o ritmo do avanço das intervenções genéticas, dentro de algumas décadas não será surpresa se os médicos estiverem de posse de instrumentos capazes de agir diretamente sobre os sete focos principais do processo de envelhecimento. A saber:• Células a menos – Já se sabe que as pessoas ficam mais baixas na velhice porque o espaço entre as vértebras se comprime. Ao mesmo tempo, ocorre no organismo a diminuição do número de células. Essas estruturas microscópicas que formam a pele, o sistema digestivo, o sangue, os ossos e o cérebro perdem a capacidade de se renovar. Essa é a causa da perda de massa muscular, densidade óssea e de neurônios nas pessoas de idade.• Intoxicação interna – Incapazes de se dividirem como antes, as células ao morrer liberam substâncias tóxicas, que resultam no aumento de gordura e deterioram a pele.• Mutações no núcleo – Mutações no DNA (a molécula no núcleo celular que carrega as informações genéticas) são normais. O acúmulo delas, no entanto, acaba desorientando o comando da célula. Essa é a causa mais comum dos tumores.• Mutações na mitocôndria – Essa organela, que funciona como um gerador de energia para a célula, tem seu próprio DNA, que também sofre mutações. Doenças degenerativas como Parkinson, por exemplo, se originam dessas mutações.• Lixo demais dentro das células – As células perdem a habilidade de processar o material resultante das reações químicas realizadas em seu interior. Com isso, elas não conseguem expulsar esse material. Com o passar dos anos, ficam inchadas. Isso gera caroços nos tecidos que elas formam. Inchaços na superfície das artérias, a degeneração macular e a neuronal são males que nascem dessa incapacidade das células de expulsar as toxinas geradas em seu processo vital.• Lixo demais por fora – Por um fenômeno inverso ao da contenção de toxinas, muitas células passam a lançar para o exterior certas proteínas que normalmente ficariam encasuladas. Essas proteínas formam bolhas pegajosas que afetam principalmente o cérebro. O Alzheimer e doenças degenerativas do fígado derivam justamente desse processo.• Proteínas grudentas – Moléculas estruturais são aquelas que formam os ligamentos, a parede das artérias e as lentes naturais do olho humano. Com o passar do tempo, parte dessas células se desprende e elas colam-se umas às outras, provocando endurecimento das artérias e pressão alta.Nenhum dos sete fatores listados por De Grey explica, sozinho, a degeneração do corpo humano. A combinação deles – e o fato de que, pela teoria das varetas, a ocorrência de um deles acaba ativando outros – é a própria essência do envelhecimento. De Grey imagina o dia em que as terapias genéticas vão penetrar no coração molecular das células e interromper cada um dos sete fatores de envelhecimento. Muitos de seus colegas acham que isso nunca será possível. De Grey tira sua certeza de um fato interessante. Algumas predisposições genéticas naturais e certas mutações nos seres vivos produzem justamente as mudanças que ele acredita serem possíveis de obter em laboratório.Tirar a sorte grande na loteria genética ajuda mesmo a viver mais e melhor. Um estudo comandado pelo geriatra Thomas Perls, da Universidade de Boston, apontou que 20% dos centenários americanos fumam, vários mantêm uma dieta desequilibrada e pelo menos 10% sofreram em algum momento da vida problemas cardíacos, derrames ou diabetes. Ainda assim, chegaram aos 100 anos. "Essas pessoas parecem ter uma reserva funcional ou uma capacidade de adaptação que faz o organismo resistir às doenças", disse Perls em reportagem recente da revista Time. No entanto, torna-se cada vez mais patente que, nas populações em geral, a predisposição hereditária para uma vida longa e saudável tem um peso de cerca de 25% sobre o resultado final. A responsabilidade sobre os restantes 75% recai sobre o estilo de vida. Como explicou Bradley Willcox, do Instituto de Pesquisa em Saúde do Pacífico, no Havaí, na mesma reportagem, de nada adianta uma pessoa ter genes da categoria de um Mercedes-Benz se ela não cuidar de sua manutenção e mantiver cheio o tanque do automóvel. Quem descuida do seu Mercedes acaba perdendo a corrida para o sujeito que tem um mero Fusca, mas o trata com carinho.A definição de "estilo de vida" é ampla: inclui desde a prática de bons hábitos (evitar o tabagismo, balancear a alimentação, praticar exercícios) até circunstâncias como a nutrição na infância, a qualidade da assistência médica que se recebeu, o nível de escolaridade e o ambiente em que se vive – se sadio ou se poluído e estressante. Os lendários anciãos japoneses das ilhas de Okinawa, que são objeto de estudo desde a década de 70, representam a conjugação ideal de todos os fatores benfazejos. Eles têm uma alimentação rica em vegetais, fibras e substâncias antioxidantes, como a soja. Ao mesmo tempo sua comida apresenta poucas calorias, gordura e sal. Está demonstrado que a restrição calórica (só calórica, e não de nutrientes) tem o poder de preservar a juventude do organismo. Os idosos de Okinawa, além disso, mantêm-se ativos, quase sempre lidando com a lavoura, não deixam de exercitar a mente – seja tocando um instrumento, seja fazendo anotações num diário – e estão plenamente inseridos em sua comunidade. Esse parece ser outro fator importante na diminuição da mortalidade dos mais velhos: a participação social. O resultado dessa mistura de bom comportamento e ambiente propício faz com que esses centenários esbanjem saúde. Se comparada com as estatísticas de nações industrializadas, a incidência de problemas cardíacos, câncer e doença de Alzheimer entre eles é baixíssima.Poucas pessoas podem levar uma vida assim regrada. Isso é fruto de aprimoramento cultural, de circunstâncias ambientais e de escolhas feitas na vida. Mas há várias lições a aprender com os moradores das ilhas de Okinawa. A primeira delas é que o ócio é literalmente mortal. O organismo humano "enferruja" se ficar parado ou não receber os lubrificantes corretos. Isso não vale só para o bem-estar físico. Descobertas recentes indicam que manter uma vida intelectual satisfatória é uma das maiores garantias de saúde sensorial que alguém pode se dar. Manter a cabeça funcionando prolonga a vida e a saúde dos neurônios. Na verdade, a atividade mental talvez faça mais do que isso: alguns estudos sugerem que ela pode ocasionar o nascimento de novos neurônios, mesmo na idade avançada (sim, você leu certo, ao contrário da arraigada concepção de que os neurônios uma vez perdidos não podem ser recuperados, descobriu-se há quatro anos que novos neurônios podem nascer ao longo da vida e se somar aos 100 bilhões originais). O outro ensinamento a tirar da longa vida dos moradores de Okinawa é que o combate aos aspectos negativos do envelhecimento começa na infância. Esses centenários chegaram aonde estão porque sempre mantiveram esse estilo de vida. Nunca é tarde para abandonar os maus hábitos – e nunca é cedo demais para adotar práticas saudáveis.Nem todos os avanços na compreensão da máquina da vida ajudam a responder à questão básica: por que, afinal, as pessoas precisam envelhecer. A resposta é mais simples do que parece: para morrer. A natureza, como se sabe, tem compromisso com a existência da vida no planeta. O mundo natural se organiza e trabalha pela manutenção das espécies vivas e por sua constante reprodução. Mas, como todo ser vivo em posição pouco privilegiada na cadeia alimentar sabe, a natureza não tem compromisso com formas particulares e individuais de vida – nem mesmo com aquela que se enxerga como o pináculo da criação, o homem. Um organismo morre quando suas células começam a parar de funcionar pela simples razão de que já nascem programadas para esse evento final. A morte não é um ponto fora da curva, mas um fenômeno que faz parte da própria geração do ser vivo. Ainda no útero, as células de um feto humano cometem uma série de suicídios – num processo chamado apoptose – para criar algumas partes do corpo. Até os dois meses de gestação, os dedos em formação estão ligados por uma membrana. Se as células dessa teia não se autodestruíssem, os seres humanos teriam, no lugar de dedos, mãos em forma de pás, como os patos. Esse tipo de suicídio programado é, em primeiro lugar, um mecanismo que garante que cada bebê seja gerado à semelhança de seus pais: com duas mãos, duas pernas, dois olhos e um cérebro comandando tudo. A morte programada é fundamental também para a manutenção da integridade de organismos prontos. É ela que ordena, por exemplo, a desativação de células danificadas, que possam comprometer um órgão. O próprio cérebro vive cometendo apoptose – do nascimento aos 30 anos de idade, uma pessoa perde cerca de 1 milhão de neurônios, numa faxina contra as células velhas, cansadas ou que estejam sem uso. Esses comandos suicidas são, enfim, a principal ferramenta contra o câncer. Sem a ordem que dispara a auto-eliminação das células em determinado ponto de sua existência, elas se replicariam incessantemente, criando tumores.Desde a década de 70, sabe-se que as células humanas têm capacidade limitada de se reproduzir: não se duplicam muito mais do que cinqüenta vezes. Depois, morrem. Os responsáveis por isso parecem ser os telômeros – as pontas dos cromossomos (onde está enrolado o DNA), que não servem para nada, a não ser para evitar que a molécula de DNA se esgarce como um cadarço de sapato sem aquela capa nas extremidades. A cada vez que uma célula se divide, esse arremate bioquímico vai encurtando, até acabar. Uma célula cancerosa jamais pára de se multiplicar porque os telômeros estão sempre sendo renovados.A apoptose é ativada também sempre que o ataque de agentes externos – radiação, poluição e ingestão de substâncias tóxicas às células, por exemplo – provoca mutações no núcleo ou nas organelas celulares. Essa é a idéia que está na base da teoria do dano oxidativo, uma das mais acionadas para explicar esses fenômenos. Segundo essa teoria, o organismo envelhece porque vai se intoxicando de oxigênio. Cerca de 5% do oxigênio que o corpo absorve para transformar em energia permanece no corpo em forma altamente reativa conhecida como "radicais livres". São moléculas ou átomos propensos a interagir com os tecidos celulares causando neles um processo de oxidação, ou seja, de destruição. Mais de 200 tipos de doenças da idade estão associados à oxidação. Quanto mais agressões sofre o organismo, maior a velocidade com que aparecem os "defeitos" que podem ativar a apoptose.Os animais multicelulares morrem por uma curiosa troca que fizeram em seu processo evolutivo, uma trajetória de bilhões de anos. Ao se tornarem multicelulares, os seres vivos se condenaram à morte. Uma bactéria e outros animais unicelulares são "imortais". As bactérias, como qualquer ser vivo, podem ser eliminadas por fome, desidratação, envenenamento ou pela ação de predadores. Mas elas não cometem apoptose. Esse sistema de autodestruição programada não é privilégio de seres humanos, mas de todos os animais multicelulares – e só dos multicelulares. Foi assim, como seres "imortais" capazes de se clonar, que os primeiros organismos unicelulares começaram a povoar a Terra há 3,5 bilhões de anos. Mais tarde essas células foram se juntando em cooperativas multicelulares. O aumento na complexidade dos organismos e, depois, a adoção da reprodução sexuada trouxeram a morte celular. É essa a linha de raciocínio adotada pelo biólogo William Clark, da Universidade da Califórnia, em seu fabuloso livro Sex and the Origins of Death (Sexo e as Origens da Morte). Clark se baseia na teoria do gene egoísta, proposta pelo influente zoólogo Richard Dawkins, da Universidade de Oxford. Segundo essa idéia, os seres vivos são escravos da vontade de seus genes, cujo único objetivo na vida é serem repassados para a geração seguinte. Uma vez alcançado esse objetivo – ou desiludidos de que isso venha a ocorrer –, os genes se desinteressam de seus hospedeiros. Assim, com a sensação do dever cumprido, eles relaxariam em suas atividades de manutenção da vida, ocasionando o envelhecimento do organismo. Daí a expressão "egoísta" criada por Dawkins. Os seres unicelulares não se matam porque, obviamente, estariam dando cabo de seus próprios genes. Como se sabe, os genes são apenas egoístas. Não são suicidas.Os genes egoístas matam as células absolutamente alheios ao fato de que o conjunto delas forma um ser humano – alguém que vive, ama, lê, tem uma história, entes queridos e muita vontade de viver. É no conjunto de células que residem, mais do que a aparência física ou a saúde, as qualidades que nos tornam humanos e únicos – a personalidade, as vocações e os talentos de cada um. Foram as células trabalhando em conjunto que legaram ao homem a capacidade de desenvolver a cultura e, com ela, alterar a realidade e a natureza a sua volta. E, suprema ironia, a mesma cultura que criou maravilhas sensoriais mas biologicamente inúteis, como as peças de Shakespeare, as partituras de Mozart, as pinturas de Renoir e os dribles de Pelé, produziu conhecimento sobre os processos vitais do corpo humano. Esse conhecimento cresce de modo eficaz e acelerado e, como supõe o visionário De Grey, talvez chegue o dia em que ele nos liberte da ditadura dos genes.

A Ciência do Enriquecimento

Contrariando tudo o que se possa dizer para elogio da pobreza, permanece o facto que não é possível viver uma vida realmente completa ou bem sucedida a menos que a pessoa seja rica. Nenhum homem pode alcançar o seu mais alto nível no desenvolvimento do seu talento ou da sua alma a menos que tenha a abundância de dinheiro ou de meios. Para preencher a alma e para desenvolver o talento, a pessoa precisa de ter muitas coisas para uso pessoal, e não pode ter estas coisas a menos que consiga o dinheiro para as comprar.
Uma pessoa progride na mente, na alma, e no corpo fazendo uso das coisas, e na sociedade organizada da actualidade, o homem deve ter dinheiro para obter a posse das coisas; consequentemente, a base do avanço e do progresso das pessoas deverá ser a ciência de ficar rico.
O objectivo de todas as formas de vida é o desenvolvimento; e tudo que vive tem um direito inalienável ao seu próprio crescimento e ao desenvolvimento que seja capaz de alcançar. O direito do homem à vida significa, também, o seu direito a ter o uso livre e irrestrito de todas as coisas que possam ser necessárias à sua expansão mental, espiritual, e física dum modo mais pleno; ou seja o seu direito de ser rico. Ao longo deste plano, não falaremos da riqueza de modo figurativo; ser realmente rico não significa estar satisfeito ou contentar-se com pouco. Ninguém deveria ficar satisfeito apenas com um pouco quando é capaz de usar e apreciar muito mais. A finalidade da natureza é o avanço e o expansão da vida; e cada homem deve ter tudo que poder contribuir para aumentar o seu poder; elegância, beleza, e riqueza da vida; estar satisfeito com o menos é contrário à vida.
O homem que possui tudo o que quer, para viver plenamente toda a vida que for capaz, é um homem rico; ninguém pode ter tudo o que quer enquanto não tiver abundância de dinheiro. A vida avançou tanto, e tornou-se tão complexa, que mesmo o homem ou a mulher comum precisa de uma quantidade grande de riqueza a fim viver de uma maneira mais próxima da integridade. Cada pessoa quer naturalmente transformar-se naquilo em que for capaz de se tornar; este desejo de realizar as possibilidades inatas é inerente na natureza humana; nós temos tendência para querer ser tudo que nós podermos ser.
O sucesso na vida consiste em transformar-se naquela pessoa que você quer ser; você só pode transformar-se na pessoa que quer ser, fazendo uso das coisas, mas você só pode ter o uso livre das coisas quando você se tornar suficientemente rico para as comprar. Compreender a ciência de obter a riqueza é consequentemente o mais essencial de todos os conhecimentos.
Não há nada errado em querer ficar rico. O desejo de riqueza significa o desejo por uma vida mais rica, mais cheia, e mais abundante; e esse desejo é digno de elogio. O homem que não deseja viver mais abundante é anormal, e assim o homem que não deseja ter o dinheiro bastante para lhe comprar tudo quer é anormal.
Há três motivos pelos quais nós vivemos; nós vivemos pelo o corpo, nós vivemos pela mente, nós vivemos pela alma. Nenhum destes é melhor ou mais sagrado que o outro; todos são igualmente desejáveis, e nenhum dos três -- corpo, mente, ou alma --podem viver inteiramente se qualquer uma das outras for cortada brevemente da vida e da expressão plenas. Não é correcto ou nobre viver somente para a alma e negar a mente ou o corpo; e é errado viver apenas para o intelecto e negar o corpo ou a alma.
A vida real significa a expressão completa de tudo o que o homem pode manifestar com o corpo, a mente, e a alma. Apesar do que se possa dizer, nenhum homem pode ser realmente feliz ou satisfeito a menos que seu corpo esteja a viver inteiramente em cada função duma forma plena, e a menos que o mesmo seja também verdadeiro para a sua mente e para a sua alma. Onde quer que exista uma possibilidade não expressa, ou uma função não executada, lá está o desejo insatisfeito. O desejo é a possibilidade a procurar a sua própria expressão, ou a função procurar o seu desempenho. O homem não pode viver inteiramente no corpo sem alimento bom, roupa confortável, e abrigo morno; e sem liberdade da labuta excessiva. O descanso e a recreação são também necessários a sua vida física.
Não pode viver inteiramente na mente sem livros e hora para estudá-los, sem oportunidade para um curso e para a observação, ou sem companheirismo intelectual. Para viver inteiramente na mente, o homem ou a mulher, deve ter recreações intelectuais, e deve cercar-se com todos os objectos de arte e da beleza que é capaz de usar e de apreciar.
Para viver inteiramente na alma, o homem deve ter amor; e a expressão do amor é negada pela pobreza.
A felicidade mais elevada da pessoa humana é encontrada na doação dos benefícios para aqueles que ama; o amor encontra sua expressão mais natural e mais espontânea em dar. A pessoa que não tem nada para dar não pode preencher o seu lugar como um marido ou esposa, ou como um pai ou mãe, como um cidadão, ou como pessoa. É no uso de coisas materiais que o homem encontra a vida cheia para seu corpo, desenvolve sua mente, e preenche a sua alma. É consequentemente da importância suprema que o homem deva ser rico.
É perfeitamente correcto desejar ser rico; se você for um homem ou uma mulher normal você não pode deixar de querer ser assim. É perfeitamente correcto e louvável. Você deve dar sua maior e melhor atenção à ciência de se tornar uma pessoa rica, porque é o mais nobre e mais necessário de todos os estudos. Se você negligenciar este estudo, você abandona o seu dever para consigo mesmo, em relação a deus e mesmo em relação à humanidade. Na verdade você não pode render nem a Deus nem à Humanidade nenhum serviço maior do que fazer o melhor de si mesmo.
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